Preservar para construir

Já se vão mais de dez anos desde que o arquiteto Eduardo Mello fincou as primeiras sapatas de concreto na praia de Itamambuca, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Em seguida, ergueu mais duas casas nos terrenos vizinhos e não perdeu tempo quando soube que mais três lotes estavam à venda: arrematou todos. Logo providenciou as autorizações necessárias para construir, válidas por cinco anos. Foi nesse período que a região se tornou área de preservação permanente.

De posse dos alvarás, Eduardo decidiu fazer três unidades, seguindo sempre os mesmos princípios: moradias elevadas do solo – que ocupam uma parte pequena do terreno, mantendo a vegetação nativa -, uso calculado de madeira na estrutura e emprego de trabalhadores locais.

Embora pareça a sequência de um plano muito bem elaborado, Eduardo diz que nada foi intencional, desde o primeiro refúgio, de 50 m2. “Eu queria fazer a minha casa na praia com o máximo de conforto, porém gastando o mínimo de dinheiro”, simplifica. Esta obra, a segunda do conjunto a ficar pronta, em 2007, consiste em outra boa lição de como construir sem transformar a mata nativa em grama ou impermeabilizar o terreno fazendo com que a água das chuvas termine na praia, em forma de lamaçais. A 1,20 m do chão, ela mantém a permeabilidade do solo. Além disso, ocupa 13,2% do lote, quando a lei permite 40%, que, ao final das contas, é a quantidade de vegetação nativa que desaparece.