O pesquisador que quer salvar animais com um celular

Atropelamento de fauna silvestre é um assunto indigesto. Ninguém gosta de ver um bicho atropelado na beira da estrada ou presenciar um atropelamento. Mas de embrulhar o estômago é tomar conhecimento de que, todos os anos, 450 milhões de animais morrem atropelados nas estradas brasileiras, mais de duas vezes a população humana do Brasil. De roedores a onças-pintadas, de anfíbios a sucuris, não importa o grupo, não importa o tamanho, a fauna brasileira é gravemente afetada. Até o leitor terminar de ler esse artigo, mais de 10.000 animais terão sido mortos nas estradas do país.

Pouco se fala sobre o problema, menos ainda se sabe sobre ele. Apenas recentemente a Ecologia de Estradas começou a ser pesquisada no Brasil. A ciência é nova até em termos mundiais. Richard Forman, pesquisador da Universidade de Harvard, começou a pesquisar o tema na década de 90. Em 1998, publicou o artigo Roads and Their Major Ecological Effects (Estradas e o seu grande impacto ecológico). Por aqui, os primeiros estudos datam de 1988 (Novelli et al., 1988), apesar do termo Ecologia de Estradas somente ser incorporado ao cotidiano na vida acadêmica quase duas décadas depois.