Para onde vai seu computador velho?

Dizem que um carro zero-quilômetro perde valor assim que deixa a concessionária. Do computador, pode-se afirmar que, quando ele deixa a linha de montagem, provavelmente já está desatualizado. A diferença é que um carro tem valor de revenda, ainda que mais baixo. Já um PC antigo vale muito pouco. Tão pouco que muita gente nem tenta vendê-lo: joga direto no lixo. Esse fenômeno é comum nos países desenvolvidos, mas se engana quem acha que brasileiro não joga computador na lixeira. Em fevereiro, a Organização das Nações Unidas apontou o Brasil como o país emergente que mais gera lixo eletrônico per capita a partir de PCs. Os dados foram estimados, mas é fácil entender a equação. Em 2010, devem ser vendidos 13,5 milhões de computadores.

Numa conta otimista, considerando-se um uso médio de cinco a oito anos para essas máquinas, pode-se esperar uma enorme quantidade de lixo eletrônico em 2015. Mas nem é preciso olhar para o futuro para entender o problema. Quatro anos atrás, 19% dos domicílios urbanos tinham um computador de mesa. Em 2008, já eram 27%. O número de computadores vendidos a cada ano subiu de 8,2 milhões para 11,7 milhões nesse período, de acordo com a consultoria ITData. O Brasil é um dos maiores mercados de computadores do mundo. Logo vai ser também um dos líderes na produção de lixo eletrônico, um problema ambiental que já é grave atualmente e tende a piorar com a digitalização dos países emergentes.