Ararinha-Azul

Severino tem 15 anos e é o último macho selvagem de Curaçá, povoado ás margens do médio rio São Francisco, no sertão da Bahia. Severino é uma ararinha-azul que espera uma fêmea para se acasalar e dar continuidade á sua espécie, a cyanopsitta spixii, gravemente ameaçada de extinção.

Ele voa em liberdade, mas as outras 37 ararinhas-azuis do planeta vivem em cativeiro. Para se multiplicar, o pássaro precisa do verde das matas que pontilham curaçá. Mas seu habitat está sendo destruido por projetos de agricultura irrigada, pela caça e pelos bodes dos sertanejos. Porisso, o lbama criou, em 1990, o Comitê Permanente da Ararinha-Azul, que reúne cientistas, ambientalistas e moradores de Curaçá. objetivo: implantar uma reserva ambiental no habitat da ararinha-azul, em plena caatinga, e investir nos cercados, tradicional técnica de agricultura que reserva espaço á regeneração de áreas degradadas e ao crescimento da caraibeira, árvore á qual o pássaro sempre volta.

O projeto mobilizou um grupo de biólogos que estão usando as mais modernas técnicas para viabilizar a reprodução da ave em cativeiro e reintroduzir na natureza uma fêmea que vivia em gaiola – o que exige muito preparo para ensina-la a voltar a viver em liberdade. Também conta com a participação dos sertanejos de curaçá, que não medem esforços pata recuperar o habitat natural da ave. como o município quer voltar a ser o ninho da ararinha-azul, eles não cansam de repetir: A esperança em Curaçá não é verde. É azul!