Desde menina, Pascale Mussard, herdeira da sexta geração Hermès, cultiva a mania obsessiva de guardar o que qualquer um classificaria como “cacareco”, mas que ela sempre enxergou como “um dia pode ser útil”. Acostumada a frequentar o ateliê da grife em Pantin, a cerca de 20 minutos do parisiense Rio Sena, Pascale tinha vontade de se apropriar dos retalhos de crocodilo e vitelo, sobras do couro recortado para dar forma a bolsas Kelly e Birkin que se acumulavam sob as mesas dos artesãos, mas bem que poderiam ser úteis para algo.
O mesmo acontecia com as fivelas de metal dos acessórios, xícaras e bules da linha mesa, toalhas da linha casa e vasos soprados na cristaleria Saint-Louis, uma das marcas do grupo Hermès. Tudo feito com matéria-prima de primeira, mas que, devido a um defeito às vezes invisível aos olhos leigos, era reprovado no rigorosíssimo controle de qualidade. Pascale, então, defendeu diante do comitê executivo a criação de uma nova marca sob o guarda-chuva da família: a petit h, ou “agazinho”.
A ideia dessa irmã mais nova, por isso batizada com letras minúsculas, é peneirar o material rejeitado na linha de produção das catorze especialidades da maison. Depois, ele pode ser trabalhado de duas formas: ou é entregue a um dos oito artesãos para ser reinventado ou é enviado a um artista plástico eleito por Pascale para virar obra de arte.