Os parques estaduais ocupam aproximadamente 80% da área regional e o uso antrópico – 20% da área – está definido pelas zonas urbanas centrais dos municípios, pelos condomínios de casas de veraneio ao longo da costa, associados aos estabelecimentos comerciais e de serviços (atuantes, principalmente, em alta temporada) e vilas que abrigam a população de baixa renda envolvida nas atividades decorrentes do turismo. Observa-se que esse padrão de ocupação encontra-se em franca expansão.
O Parque Estadual de Ilhabela, localizado no Arquipélago de São Sebastião, com 12 ilhas, integra o Município de Ilhabela, situado a 220 quilômetros da capital paulista. A ilha de São Sebastião – sede do município – liga-se ao continente (município de São Sebastião), através de balsa.
A população de Ilhabela era de 13.547 habitantes em 1991. A maior parte da população habita a face voltada para o canal de São Sebastião, onde o limite do parque inicia-se na cota 200 metros. Trata-se de uma área urbanizada que concentra infra-estrutura turística.
O fluxo turístico em direção à região teve início na década de 50, com a abertura da Rodovia dos Tamoios (SP-99) ligando o Vale do Paraíba e a capital paulista ao litoral. Na década de 70, a abertura da Rodovia Rio-Santos (BR-101) foi fundamental para o estabelecimento da região como pólo turístico, alterando substancialmente a paisagem regional, com a construção de residências de veraneio e equipamentos destinados à atividade turística e atraindo migrantes pra o trabalho na construção civil.
Este parque-arquipélago destaca-se ainda por fornecer um grande aporte de água doce, de origem fluvial, rica em nutrientes, em meio a condições oceânicas; alcança altitudes superiores à maior parte do território nacional; apresenta seu perímetro constituído predominantemente por costões rochosos; apresenta mudanças climáticas em função de sua grande variação altitudinal e abriga excepcionais exemplares de formações do domínio Mata Atlântica.
Em relação à fauna, o arquipélago de Ilhabela reúne em seus domínios uma das maiores concentrações de espécies restritas a locais e ecossistemas específicos (espécies endêmicas) conhecidas atualmente no Brasil. Numerosas espécies, tais como o rato cururuá Nelomys thomasi, o teiu de Ilhabela Tupinambis merianae sebastiani, o teiu de Búzios T.M. buzionensis , o caramujo de Búzios Gonyostomus insularis, várias espécies de opiliões (Hypophyllomus callidus, Ancistroellus sp., Luederwalditia serripes, Piresa villosa, Somonoleptes inbsularis, Buzioleptes veneficus) e a perereca –de-alcatraz Scinax alcatraz são exclusivas dos ambientes deste arquipélago. Estudos atualmente em desenvolvimento deverão demonstrar que numerosas espécies de répteis e anfíbios apresentam diferenças específicas de suas populações continentais.
A região é caracterizada como sendo de importância para a conservação de espécies migratórias de pequena, média e longa distância.
Embora fundamental para a conservação dos remanescentes florestais do estado, a forma de criação e implantação das unidades de conservação privilegiou aspectos físicos e biológicos, relacionados à fauna e flora, em levar em conta a existência e mesmo ainda a opinião da sociedade local, com seus vários atores sociais, inclusive aqueles diretamente afetados pelos decretos que alteraram seus modos de vida.
O resultado da limitação de uso dos recursos e espaços naturais foi especialmente danoso e levou à marginalização das populações que anteriormente viviam da utilização destes ambientes e recursos. Considerando como o espaço de reprodução e guarda dos elementos naturais necessários à execução de suas atividades, particularmente aquelas ligadas ao extrativismo de recursos da mata, o parque passou a ser visto pela população local principalmente sob seu aspecto restritivo.
Fonte: Prefeitura de Ilhabela – http://www.ilhabela.sp.gov.br/