Chegara a hora de deixar a região onde podem ser construídas as hidrelétricas de São Luiz do Tapajós e Jatobá e retornar a Santarém, onde faríamos as últimas entrevistas e pegaríamos o avião de volta ao Rio de Janeiro. Escolhemos como caminho para Santarém o mais seguro, reto e sem buracos ou poeira. Também escolhemos um transporte mais espaçoso e sociável, com lanchonete e tudo. Em vez de usar a Transamazônica e a BR163 para percorrer a distância entre Itaituba e Santarém, preferimos a mais antiga “estrada” da região: o Tapajós.
Não é a toa que as cidades e vilas que visitamos – Santarém, Itaituba, Jacareacanga e Pimental – estão a sua margem. Muito antes das ainda precárias estradas da região, o povo de lá usava mesmo era a água. Os rios locais eram o único meio de locomoção e a principal fonte de proteína na alimentação dos nativos. Fazem parte da paisagem pequenas lanchas com motores de rabeta ou os “quarentões”, apelido de um motor específico de 40 cavalos usado em travessias mais longas. Motor nessa região é abreviação para motor de barco, e distância é medida em “hora de motor”, já que rio não tem placa de quilometragem.